ENTREVISTA
24-mar.2020
Luís Pedro é investigador do Programa “CeNTER – Redes e Comunidades para a Inovação Territorial”, onde assume responsabilidades de membro integrado dos Workpackages 2, 3, 4 e 5.
Possui uma formação inicial em Ciências e Tecnologias da Comunicação (1998) e o doutoramento na área da Didática (2005), pela Universidade de Aveiro. Atualmente é professor auxiliar do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde leciona nos cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento em Ciências da Comunicação.
Enquanto investigador é membro da unidade de investigação DigiMedia – Digital Media and Interaction, com interesses nas áreas de conceptualização, desenvolvimento e integração de tecnologias de comunicação – social media e jogos – em contextos de educação e formação.
Luís Pedro é Investigador responsável e membro de diversos projetos de investigação relacionados com o desenvolvimento e avaliação do uso de tecnologia em contextos de educação e formação e, mais recentemente, com o desenvolvimento e aplicação de abordagens transmedia nesses contextos e o estudo dos seus impactos, nomeadamente ao nível dos fenómenos de multitasking por parte de estudantes e docentes e ao nível da orquestração de media por parte dos docentes.
Como se envolveu no Programa CeNTER?
Estou envolvido no programa CeNTER desde o início, tendo participado nas discussões e decisões iniciais que ocorreram entre departamentos e unidades de investigação. Neste programa sempre me agradou a predisposição das pessoas para aceitar pontos de vista distintos no âmbito das Ciências Sociais, para fazer com que a nossa resposta fosse articulada mas preservando a identidade e matriz de cada uma das abordagens subjacentes.
E qual o balanço que faz?
O projeto tem sido interessante, nomeadamente por expandir os contextos de utilização da tecnologia a comunidades que não têm necessariamente objetivos de educação e formação. Nesse sentido, parece-me que os resultados obtidos e que estão a ser vertidos no desenho da tecnologia são muito relevantes. As pessoas que estão no terreno é que são as verdadeiras forças motrizes das ações de inovação com impacto territorial e é gratificante poder codesenhar, com elas, ferramentas que agilizem e promovam a comunicação entre si e a comunidade entendida de uma forma mais abrangente.
Que momentos destaca como mais relevantes desde o início do projeto, em abril de 2017?
Do ponto de vista pessoal sempre considerei que as reuniões plenárias eram muito ricas e que a discussão era estimulante. O facto de conseguirmos juntar perspetivas complementares ao nível das Ciências Sociais com um enfoque específico sempre me pareceu um output de muito valor. Infelizmente, por diversos motivos, estas reuniões têm sido cada vez mais raras. Ou seja, tudo o que sejam oportunidades de discussão que extravasem o nosso WP [3], onde as pessoas já se conhecem muito bem, parece-me uma forma de estabelecer ligações e de promover práticas transdisciplinares.
Considerando a sua área científica e o trabalho que tem vindo a desenvolver, qual é o principal contributo que o Programa CeNTER oferece à região Centro?
O facto de propormos uma plataforma de (hiper)mediação que pretende aproximar todos os stakeholders na cadeia de geração de valor e inovação num dado território parece-me ser o principal contributo. Um outro contributo muito relevante está relacionado com o diálogo interno que se conseguiu fazer dentro de estruturas, na UA, que não tinham hábitos de comunicação e partilha tão consolidados. Esse é um contributo que, provavelmente, só teremos oportunidade de reconhecer daqui a algum tempo, quando se enraizar de forma mais permanente e formos à procura das suas origens.
Quais os principais desafios enquanto investigador do Programa CeNTER?
A abordagem metodológica, muito próxima dos utilizadores finais da plataforma, que nos obriga a eventos periódicos de recolha de dados e à sua análise contextual. O desenvolvimento de soluções de base tecnológica implica uma linha muito ténue entre codesenho e pragmatismo na implementação que nos leva, muitas vezes, a privilegiar o último em detrimento do primeiro. Neste projeto concreto o codesenho e a procura deliberada da opinião dos stakeholders é um desafio constante.
Quais são as suas expectativas a curto, médio e longo prazo, nomeadamente sobre os resultados a serem alcançados com o Programa CeNTER?
A construção do Observatório e a validação final do protótipo da Plataforma são resultados concretos. Mas o eventual desenvolvimento da Plataforma e as ações de sustentabilidade que se seguem são também muito relevantes.
Estamos a viver uma situação de emergência excecional em que as tecnologias passaram a ter um papel ainda mais relevante nas nossas vidas. Que mensagem gostaria de deixar às pessoas neste momento?
A mensagem que quero deixar é uma mensagem de utilização da tecnologia para ligar e aproximar as pessoas. Esse sempre foi o objetivo da investigação subjacente a este projeto, mas, na presente situação, essa necessidade transformou-se e revelou-se de forma ainda mais aguda. A tecnologia pode servir para aproximar o que está distante, para criar e manter relações de empatia entre as comunidades e para partilhar recursos e disponibilidades. A comunicação, na sua raiz etimológica, significa “por em comum”. A tecnologia deve ser, deste modo e ainda mais no momento atual, uma forma de nos ajudarmos e de juntos, encontrarmos e celebrarmos o que temos em comum.
Como é a sua vida para lá da investigação?
É uma vida normal, muito centrada na família e em alguns hobbies particulares. Sou uma pessoa com múltiplos interesses que estão longe de se esgotar na minha vida profissional.
Ambição a 1 ano
Continuar os projetos que tenho em curso e o envolvimento em redes europeias na minha área de investigação. Ajudar a consolidar a minha unidade de grupo de investigação no panorama nacional.
Ambição a 10 anos
Continuar nesta linha de evolução, aprofundando as áreas temáticas e as redes de investigação em que já estou envolvido. Ajudar a consolidar a minha unidade de grupo de investigação no panorama internacional.